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Dialeto

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Um dialeto (AO 1945: dialecto), do grego διάλεκτος, é a forma como uma língua é realizada numa região específica. Cientificamente este conceito é conhecido por "variação diatópica", "variedade geolinguística" ou "variedade dialetal".

Uma língua divide-se em inúmeras variedades dialetais. Desde as mais abrangentes (e. g. português europeu e português brasileiro) até às sub-variedades mais específicas. Por exemplo:

  • O grupo dialetal transmontano-alto-minhoto, que se inclui nos dialetos portugueses setentrionais.
  • O grupo dialetal gaúcho, que se inclui no grupo dialetal do sul do Brasil.

Os critérios que levam a que um conjunto de dialetos seja considerado uma língua autónoma e não uma variedade de outra língua são complexos e frequentemente subvertidos por motivos políticos. A Linguística considera os seguintes critérios para determinar que um conjunto de dialetos fazem parte de uma língua:

  • Critério da compreensão mútua. Se duas comunidades conseguem facilmente compreender-se ao usarem o seu sistema linguístico, então, elas falam a mesma língua.
  • Critério da existência de um corpus lingüístico comum. Se entre duas comunidades existe um conjunto de obras literárias que são consideradas património/ patrimônio usado por ambas (sem que haja necessidade de tradução), então elas falam a mesma língua.

Um dialeto, para ser considerado como tal, tem de ser falado por uma comunidade regional. As características da língua que não são específicas de um grupo regional são consideradas socioletos (variedades próprias de diferentes grupos sociais, etários ou profissionais) ouidioletos (variedades próprias de cada indivíduo).

As regiões dialetais são estabelecidas por linhas de fronteira virtuais a que se dá o nome de isoglossas.

Índice

 [esconder]

[editar]Norma e norma padrão

Todos os dialetos (sem exceção) têm uma norma. Essa norma é o conjunto de regras que garantem a unidade do dialeto, limitando a variação e a evolução linguística na comunidade. Quando uma língua se institucionaliza, através da criação de instrumentos normativos como a gramática normativa e a ortografia, tende a escolher um dos seus dialetos como norma padrão. Por exemplo, a norma padrão para a língua castelhana é, atualmente, a norma do dialeto de Madrid.

É importante sublinhar que a escolha da norma padrão é algo de puramente político e que, geralmente, está relacionado com a localização das capitais políticas, culturais ou económicas dos países. Assim, não existem dialetos melhores ou piores do que outros. É tão legítimo dizer-se bint (para "20"), à moda da cidade do Porto, como vintchi, à moda do Rio de Janeiro.

Por vezes, os critérios políticos que interferem na língua podem estar muito distantes dos critérios científicos. Há países, em que autênticas línguas são consideradas apenas dialetos da língua oficial, quando, na realidade, não o são de todo. Não é preciso ir muito longe. Até ao Séc. XX a língua galega foi considerada um dialeto da língua castelhana. Na realidade, a Linguística provou, ao longo do Séc. XX, que o galego é uma variedade dialetal do português. De um ponto de vista legal, o galego é considerado uma língua autónoma. De um ponto de vista científico, ela é estudada nas universidades como um dialeto do português.

Outro exemplo semelhante é o do mirandês. Vista até há poucos anos como um dialeto do português, provou-se que se trata de um dialeto da Língua leonesa, língua considerada morta, do grupo astur-leonês (ver página da língua leonesa na wikipédia asturiana).

[editar]A norma padrão da língua portuguesa

Tentativa de mapeamento de dialetos da língua portuguesa no Brasil.

A língua portuguesa usou como norma padrão, a partir do Século XIV, os dialetos falados entreCoimbra e Lisboa, com especial relevo para este último. No Brasil, a norma padrão evoluiu do dialeto de Lisboa para o do Rio de Janeiro (com a fuga da corte para o Brasil em 1808) e, desde então, para uma influência partilhada pelas variedades em uso nas maiores cidades do país[1].

Acordo Ortográfico de 1990 representa, do ponto de vista da linguística política, um processo inédito a nível das grandes línguas mundiais. Pela primeira vez, a ortografia de uma língua é discutida globalmente pelos diversos países que a usam e não imposta por uma das partes. Em vez de se basear na norma de um dos dialetos da língua, este acordo ortográfico vai ao encontro de diversos dialetos, tentando encontrar um compromisso entre eles.

[editar]Mitos sem fundamento científico

É comum circularem algumas ideias sobre dialetologia que são erradas e sem fundamento.

  • "Um dialeto é uma língua menor"
Um dialeto não é uma língua, é uma variedade de uma língua. Por outro lado, qualquer língua, por menos prestígio que tenha, não deixa de ser língua e não passa a ser dialeto só por isso. Línguas como o tétum (de Timor-Leste) ou o potiguara (do Brasil) não são dialetos do português, mas línguas tão dignas como qualquer outra e que, sendo minoritárias, merecem ser protegidas e estudadas.
  • "O português de Coimbra é a língua portuguesa e em Minas Gerais fala-se um dialeto ou corruptela"
O dialeto falado em Coimbra é tão correto como o dialeto mineiro e vice-versa, são apenas maneiras diferentes de realizar a mesma língua. Não há nenhum critério científico que valide a superioridade de uma variedade em relação a outra. Assim, qualquer produção linguística de qualquer falante insere-se sempre numa variedade dialetal, não existindo qualquer região em que se possa dizer que, nela, se fala a verdadeira língua e não um dialeto.
O crioulo cabo-verdiano é uma língua e não um dialeto. Tem base lexical na língua portuguesa, mas é diferente e tem os seus próprios dialetos. O mesmo se aplica a qualquer outro crioulo.
  • "Um dialeto é um linguajar sem regras"
Não existe nenhum dialeto sem a sua norma. Qualquer dialeto tem as suas regras gramaticais, fonológicasmorfológicassintáticas,semânticas e lexicais. Qualquer falante de um dialeto conhece todas as suas regras intuitivamente (Gramática implícita).
  • "A diferença entre dialeto e sotaque é que nos sotaques os falantes se entendem, enquanto nos dialetos não se entendem"
De acordo com a definição do dicionário Houaiss, um dialeto é qualquer variação regional de um idioma que não chegue a comprometer a inteligibilidade mútua entre o falante da língua principal com o falante do dialeto. As marcas linguísticas dos dialetos podem ser de natureza semântico-lexical, morfossintática ou fonético-morfológica.
Sotaque é um conceito de uso popular, que em termos científicos nem existe, e que costuma designar apenas uma mudança na entonação da palavra, ou a pronúncia imperfeita de alguns fonemas realizada por um estrangeiro. Dessa forma, os dialetos do português falados no Brasil, tal como os falados em Portugal, ou os ingleses nos Estados Unidos ou no Reino Unido, são verdadeiros dialetos, enquanto os chamados dialetos de países como a China são na realidade idiomas distintos, uma vez que nem sempre há inteligibilidade mútua. Apenas carecem de estatuto oficial.

[editar]Referências

  • Cunha, Celso e Cintra, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 12.ª edição. Lisboa. Edições João Sá da Costa. 1996.ISBN 972-9230-00-5
  • Cintra, Luís Filipe Lindley. Estudos de Dialectologia Portuguesa. 2.ª edição. Lisboa. Livraria Sá da Costa Editora. 1995. ISBN 972-562-327-4
  • Teyssier, Paul. História da língua portuguesa. 6.ª edição. Lisboa. Livraria Sá da Costa Editora. 1994. ISBN 972-562-129-8

Referências citadas

  1.  *Paul Teyssier. História da língua portuguesa. 6.ª edição. Lisboa. Livraria Sá da Costa Editora. 1994. ISBN 972-562-129-8

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Dialetos da língua portuguesa

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língua portuguesa possui uma relevante variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão - o que acontece especialmente no Brasil. Tais diferenças, entretanto, geralmente não prejudicam a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialetos.

português europeu padrão é também conhecido como estremenho ou português de Portugal. Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português santomense tem muitas semelhanças com o português de algumas regiões do Brasil. Também os dialetos do sul de Portugal apresentam muitas semelhanças, especialmente o uso intensivo do gerúndio. No Norte, o alto-minhoto e o transmontano são muito semelhantes aogalego.

Mesmo com a independência das antigas colónias africanas, o português padrão de Portugal é o padrão preferido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português apenas tem dois dialectos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note que, no português europeu há três dialectos mais prestigiados: o do Porto, o de Coimbra e o de Lisboa. No Brasil, não há preponderância em todo o território de um dialeto mais prestigiado para a fala, mas em língua escrita é considerado correto pelo senso comum a chamada norma culta, forma relativamente próxima da gramática oficial anterior ao acordo ortográfico, porém com algumas diferenças (mesóclise, entre outras).

Maiores dialectos da língua portuguesa:

Sotaques Português brasileiro.

1 - Caipira
2 - Cearense
3 - Baiano
4 - Carioca/Fluminense
5 - Gaúcho
6 - Mineiro
7 - Nordestino
8 - Nortista
9 - Paulistano
10 - Sertanejo
11 - Sulista.

Brasil

  1. Caipira - parte do interior do estado de São Paulo, norte do Paraná, sul de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e grande parte de Mato Grosso, Goiás e Rondônia
  2. Carioca - cidade do Rio de Janeiro
  3. Fluminense (ouvir) - Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e leste de Minas Gerais
  4. Gaúcho - Rio Grande do Sul
  5. Mineiro - Minas Gerais
  6. Nordestino (ouvir) - Estados do nordeste brasileiro
    1. Baiano - região da BahiaAlagoasSergipe, mais ameno no norte deMinas Gerais e do Espírito Santo
    2. Cearense - Ceará
    3. Interior de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte (distinto do recifense)
    4. Maranhense - Região de São Luís e partes do interior (sons nasais marcantes e com forte influência nortista)
    5. Recifense - cidade de Recife, capital de Pernambuco, também Olinda e arredores(famoso pelo /s/ que se transforma em /sh/ nos plurais)
  7. Nortista - estados da bacia do Amazonas (forte carga tupi; embora no leste doPará, por exemplo, tenha sofrido grande influência do estado vizinho do Maranhão)
  8. Manezês - dialeto próximo ao açoriano, falado em boa parte do litoral catarinense
  9. Paulistano - cidade de São Paulo e suas respectivas regiões metropolitanas
  10. Sertanejo - Centro-Oeste (similar ao caipira)
  11. Sulista - Estados do Paraná e Santa Catarina

Portugal

Dialectos de Portugal.
  1. Açoriano (ouvir) - Açores
  2. Alentejano (ouvir) - Alentejo
  3. Algarvio (ouvir) - Algarve (há um pequeno dialecto na parte ocidental)
  4. Alto-minhoto (ouvir) - Norte de Braga (interior)
  5. Baixo-beirãoalto-alentejano (ouvir) - Centro de Portugal (interior)
  6. Beirão (ouvir) - centro de Portugal
  7. Estremenho (ouvir) - Regiões de Coimbra e Lisboa (pode ser subdividido em lisboeta e coimbrão)
  8. Madeirense
  9. Dialecto Baixo Minhoto-Duriense (ouvir) - Regiões de Braga e Porto
  10. Transmontano (ouvirTrás-os-Montes

Angola

Dialectos de Angola.
  1. Benguelense - Província de Benguela
  2. Luandense (ouvir) - Província de Luanda
  3. Sulista - Sul de Angola
  4. Huambense - Província do Huambo e centro de Angola

Outras áreas

[editar]Diferenças lexicais

Exemplos de palavras que são diferentes nos dialectos de língua portuguesa de três continentes diferentes: Angola (África), Portugal (Europa) e Brasil (América do Sul).

AngolaBrasilMoçambiquePortugal
Bazar Ir embora
 
(ou vazar entre adolescentes)
  Ir embora
 
(ou bazar entre adolescentes)
Maximbombo Ônibus Machimbombo Autocarro
Musseque Favela   Bairro de lata
Mata-bicho Café-da-manhã Mata-bicho Pequeno-almoço
Geleira
 
(chama-se Frigorífico à parte que faz o gelo)
Geladeira   Frigorífico

Referências

  1.  O português galego é considerado oficialmente pelos governos galego e espanhol uma língua autônoma, porém a nível científico a unidade do português galego com o resto de falares da Lusofonia é aceite de maneira maioritária e mesmo existe um movimento social que defende a integração da Galiza como membro de pleno direito na CPLP